terça-feira, 18 de outubro de 2016

Em algum lugar das estrelas e amor que esperamos receber



Viciada que sou na Darkside, eu quis esse livro assim que ele foi anunciado no começo do ano. Nem me preocupei muito com a história – já tinha aceitado que leria/teria romances quando a Darkside começou com a linha DarkLove. Mas, com o lançamento, a enxurrada de resenhas positivas dele me deixou ansiosa, e eu li assim que tirei da caixa da Amazon.

 "Às vezes, é melhor não ver todo o caminho que se estende diante de você. Deixe a vida surpreendê-lo, Jackie. Há mais estrelas por aí do que as que já tem nome. E são todas lindas."

Com uma escrita precisa e delicada, Clare Vanderpool nos conduz a uma viagem deliciosa, embora algumas vezes angustiante, pelo Maine, esse velho conhecido de tantas histórias do Stephen King. Mas, dessa vez, não estamos em uma jornada sobrenatural ou de terror. A busca é por algo muito mais sutil. A aceitação e o amor.

"O que é mais importante? A alma ou a mente? Somos responsáveis uns pelos outros ou só por nós mesmos? Existe essa coisa chamada mistério, ou apenas aquilo que ainda não é compreendido?"

Jack Baker é um garoto que acaba de chegar em um colégio interno vindo do Kansas. Recentemente perdeu a mãe, e sua relação com o pai é, para dizer o mínimo, distante.  Por se sentir um tanto deslocado entre os novos colegas, ele acaba se aproximando do único aluno isolado da escola, Early Alden. Early tem uma série de hábitos e manias que fazem dele uma criança peculiar. Depois de um começo de amizade um tanto desconfortável, ambos partem em uma viagem de barco pelo Maine, vivendo aventuras que se confundem com a imaginação um tanto fértil de Early.

"Contudo, ele partiu. Afinal, não estava procurando um novo lar. Era um viajante. Um navegador. Alguém que segue traçando um curso e procurando o caminho. E ele ainda procurava seu caminho."

Com seu jeito sutil de contar a história, Clare nos faz relembrar amizades, pessoas e sentimentos tão comuns nessa idade. A sensação de incompreensão por parte dos adultos, a dificuldade de se enturmar em grupos novos, a difícil passagem entre a infância e a adolescência. Early tem seus rituais e manias, balas de goma sendo separadas, músicos específicos para cada dia da semana, métodos que passam de estranhos a compreensíveis aos olhos de Jack, ao passo que a relação deles se aproxima, e ele aprende a ver Early como alguém complexo e interessante.

 "Mas, principalmente, os olhos. Eram fundos, como se as lembranças ocupasse mais espaço em seu campo de visão do que as coisas que realmente via."

Ao fim da jornada mista de realidade e ficção através da Trilha do Apalache, a mensagem que fica para os leitores é a diferença entre o amor que esperamos e o amor que recebemos. Como a nossa visão limitada das pessoas à nossa volta nos leva a interpretá-las de maneiras tão equivocadas, e muitas vezes, não conseguirmos perceber que o amor assume diversas e variadas formas.

Não tenha medo de se jogar nesse livro. Você vai se divertir com a história de Pi, concordar e se irritar simultaneamente com Jack, se emocionar com Early, e aprender que o amor pode estar escondido onde menos se espera. E que quando chove, é sempre Billie Holliday.

 "Lá em cima é como aqui embaixo, Jackie. Você precisa procurar as coisas que nos conectem. Encontrar os jeitos com que nossos caminhos se cruzam, nossas vidas se interceptam e nossos corações se encontram."

PS.: Para ler entrando no clima, existe uma playlist do livro disponível no spotfy. Dá o play! ;)

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