Eu adoro livros de terror. Mais
do que filmes, acho que são vários os temas, que, quando trabalhados no formato
de livros ficam mais assustadores e sombrios do que na tela. Leio terror de
todos os tipos: fantasmas, demônios, alienígenas, psicopatas em geral
e etc, e já li livros com enredos altamente bizarros, com personagens
extremamente perturbados. Mas nenhum deles me preparou para o que seria a
leitura de ‘Diário de uma escrava’.
Esse livro da Darkside foi uma
experiência tão perturbadora que eu simplesmente não consegui parar de ler...
acho que se eu tivesse abaixado o livro em algum momento, não teria coragem de
voltar para ele. Em vários momentos, minha vontade foi arremessar o livro longe
e não voltar para essa história e para esse universo nunca mais. A narrativa de
Laura, uma menina que, aos 18 anos, conta como foi sequestrada aos 14, e
mantida em cativeiro desde então, sofrendo torturas e estupros diariamente é de
revirar o estômago. É uma leitura angustiante, que dá raiva, nojo, desespero.
A escrita de Rô Mierling é crua,
visceral e direta ao ponto. Sem enfeitar, sem disfarçar, ela nos introduz à
vida de horrores diários da sua personagem. Além dos trechos narrados
diretamente por Laura, outros trechos do livro, em terceira pessoa narram acontecimentos
com outras vítimas, sempre mantendo o mesmo tom apavorante. Embora eu considere
que a autora forçou alguns pontos para que a história tivesse o desfecho
imaginado por ela (e não vou tecer nenhum comentário sobre o final para não dar spoilers), é inegável que o absurdo do dia-a-dia de Laura é a infeliz
realidade de inúmeras meninas e mulheres mundo afora.
"...todos ali se divertindo, conversando, comemorando ou discutindo assuntos diversos, e eu ali, sentada com um matador de meninas, um psicopata. Quantas vezes nos sentamos em lugares assim sem saber o que acontece na mesa ao lado?"
Embora a história de Laura não
seja baseada em um caso específico, sua narrativa foi construída com base em
diversos casos de sequestro de crianças e adolescentes que acontecem no Brasil
e no mundo. No final do livro, existe uma lista de casos reais que se
assemelham ao da história, bem como a bibliografia utilizada pela autora como
fonte. A história de Laura é desesperadora por si só, mas quando somos
lembrados que isso acontece diariamente com diversas meninas ao redor do globo,
fica ainda mais revoltante.
“Hoje, eu me levantei para fazer minhas necessidades, comi um pedaço de pão e chorei. Sempre chega uma hora em que o ser humano deixa de ser humano, deixa de ter esperanças. Cheguei ao meu limite.”
Como de costume, o trabalho de
edição da Darkside está impecável. Mas a capa linda, com verniz localizado,
corte das folhas colorido, fita de marcar páginas, nada disso dá um vislumbre
do horror escondido nas páginas desse livro. Eu diria que entre os livros da
Darkside esse foi o que mais me perturbou. É impossível parar, é impossível
esquecer. Diário de uma escrava é uma verdadeira história de terror, dessas que
nos deixa apavorados durante a leitura e que nos assombra por muito tempo
depois de termos chegado à ultima página.
Tenho vontade de ler esse livro. A edição é realmente linda demais, mas acho que não tenho estômago pra iniciar ainda.
ResponderExcluirSó vejo comentários positivos sobre ele. É um tema muito forte, ai, não sei se leio rs
Amei a resenha ❤
Ps: seu blog é lindo.
www.umdejulho.com
Oi, Mylena!
ExcluirObrigada pelo comentário! Esse livro é um soco no estômago mesmo. É muito bom, mas precisa de um preparo pra ler, embora ele vá te abalar de qualquer jeito.
Vi no seu blog (que aliás, tbm é lindo) que você é nordestina. Eu moro na Bahia, e vc?
Obrigada pela visita e volte mais vezes! <3